sexta-feira, 12 de março de 2010

Na “Rolling Stone”, Bial volta a lembrar que não está jornalista



Pedro Bial causou uma certa confusão ao afirmar à revista “Rolling Stone” que não está nem um pouco preocupado com a sua “credibilidade”. Na frase que circulou em vários blogs, ele diz: “Quem quer isso (credibilidade) é pastor, padre. Não vou fundar igreja, não quero que acreditem em mim”. Sugiro, para começo de conversa, ler o conjunto das declarações do apresentador do BBB a respeito do assunto:

Essa foi a grande libertação do Big Brother para mim: mostrar que a gente não precisa se levar tão a sério e que é bom não se levar tão a sério. (…) Foi quando me despi da posição de jornalista e percebi que isso não necessariamente ia arranhar a minha imagem. Esse papo de credibilidade… quem quer isso é pastor, padre. Não vou fundar igreja, não quero que acreditem em mim. Os jornalistas em geral se levam muito a sério.

Como Bial deixa claro no início da declaração, ele não está vestindo a roupa do jornalista ao falar. Nem poderia. Pelos padrões da Rede Globo, o apresentador do BBB não pode ser considerado um profissional desta área. Ele pode até voltar, um dia, a praticar o jornalismo, mas no momento, parafraseando o ex-ministro Eduardo Portella, ele não está jornalista

Por norma interna da Globo, jornalistas são proibidos de fazer publicidade. A emissora entende, corretamente, que é inconcebível um profissional ser garoto-propaganda de um determinado produto que, em outro momento, pode ser objeto de uma reportagem dos noticiários da casa. Além do evidente conflito de interesses que causa, ao emprestar sua imagem a um produto o jornalista coloca em risco a sua credibilidade.

Como sabem os que assistem o BBB, Bial é garoto-propaganda de inúmeras marcas. O sucesso comercial do reality show global leva o apresentador, em inúmeras situações, a participar das ações de merchandising e a falar dos produtos que patrocinam o programa.

Não existe bem mais precioso para um jornalista que a sua credibilidade. Sem ela, o que produz se esvazia de sentido, não é levado a sério. Bial sabe disso e sua declaração polêmica à “Rolling Stone” não passa da provocação de um discípulo assumido do Chacrinha, destinada a causar barulho.

Para os profissionais da área, não faz muita diferença o que Bial pensa a respeito da profissão. Mas importa lembrar mais uma vez o público que assiste o BBB e cobra “imparcialidade” do seu apresentador. No programa, não julgue Bial como jornalista