quarta-feira, 3 de junho de 2009

UM ZAPPING PELA GRADE DA TARDE

Já foi a época em que a televisão brasileira era feita com emoção, sensibilidade e muita paixão. É claro que os interesses comerciais sempre estiveram presentes, afinal é preciso faturar para manter a estrutura em funcionamento, pagar salários, contratar estrelas e transformar a magia em realidade, mas nos dias atuais a técnica e a estratégia falam mais alto na construção de uma grade que será oferecida ao telespectador.Há pelo menos 16 anos acompanho os bastidores da TV e há quase 3 décadas assisto infantis, novelas, séries, filmes, games, humorísticos, shows … Vivo entre a admiração por esta arte e o trabalho de obter informações precisas para informar meu público. E a cada dia tenho mais certeza que a frieza nas decisões é uma característica obrigatória dos executivos da televisão. Há poucos dias, conversei com um diretor de TV sobre os programas que são exibidos no período da tarde e descobri que dificilmente a situação mudará porque esta é uma faixa onde os investimentos são muito bem calculados para que as empresas não registrem prejuízos. Número menor de pessoas à frente da TV e faturamento modesto nessa faixa do dia obrigam as TVs a não gastarem com produções ousadas.Basta zapear para constatar que o SBT preenche boa parte de sua tarde com séries americanas e filme, produzindo apenas duas horas de conteúdo próprio e inédito (”Casos de Família” e “Programa do Ratinho”). Na Globo a situação não é diferente. Os custos do “Jornal Hoje” estão diluídos no departamento, na sequência vem o “Vídeo Show” que é inédito, “Senhora do Destino” com 1h20 de duração e um filme 1h40, ou seja a Globo preenche sua tarde com 3 horas de reprises que já foram pagas. A Record segue a mesma tática e, atualmente, aposta no “Programa da Tarde” com 3h de reportagens repetidas, 1h30 de reprise de novela e mais 1h30 de desenhos do “Pica Pau”, ou seja, custo baixíssimo. Na Band há menos aposta em produto sem custo, já que a tarde é preenchida com 1h30 de “O Mundo Perdido”, programa “Márcia” e “Brasil Urgente”. A Rede TV tem 2h de “A Tarde é Sua” e o restante do tempo dividido entre “informerciais” e religiosos. Já Gazeta transformou sua tarde em horário nobre com o tradicional “Mulheres”, que tem um bom orçamento e equipes a disposição para externas e especiais.Diante deste quadro da televisão brasileira à tarde e dos números registrados por filmes, reprises e programas, a situação não deve mudar tão cedo.